De um lado o instrutor faz o som de um assovio. Do outro, a ave de rapina fica atenta ao chamado. O objetivo é ter o “controle do voo” enquanto o animal percorre o trajeto de um lado para outro. Essa técnica é conhecida como falcoaria e é a arte de criar, treinar e cuidar de falcões e outras aves de rapina para a caça.
Em Vilhena (RO), o especialista Thiago Baldine treina as aves para o controle de pombos em escolas. O vídeo abaixo, feito pelo biólogo, mostra o profissional na companhia de um gavião-asa-de-telha (Parabuteo Unicinctus). Ele está com a ave em cima de um telhado, após o comando o gavião voa em linha reta até o chão, onde está outra pessoa da equipe de treinamento. (https://g1.globo.com/ro/rondonia/video/tecnica-de-falcoaria-e-utilizada-para-controle-de-pombos-em-vilhena-11384080.ghtml)
Como os pombos podem transmitir diversas doenças, se não tiverem sua população controlada, o projeto atua nessa contenção.
“Gavião-asa-de-telha são aves oriundas de criadouro comercial, que a gente adquire, treina com técnicas de falcoaria, para fazer voos livres e fazer a captura de outras aves como, por exemplo, os pombos que são transmissores de zoonoses e causam um grande problema de saúde pública no Brasil. Todo lugar tem”, disse Thiago.
A introdução de um predador natural serve como forma de controle de aves. O especialista explica que a presença do falcão afugentou grandes números de pombos em escolas municipais.
“Aqui tínhamos colégios municipais que estavam com grande quantidade de pombos por muitos anos. A arte da falcoaria foi uma solução que realmente surtiu efeito no controle dos pombos”.
Treinamento de atleta
A introdução da ave de rapina no ambiente é feita após um período de treinamento. A técnica e o relacionamento de confiança entre o treinador e a ave vão se construindo até que ela tenha autonomia em voos livres.
“A [intenção da] técnica é soltar a ave e onde chamar ela [pode ser por meio do assovio] ela vai”, explica. Segundo a Prefeitura de Vilhena, após capturados, os pombos são levados para análise profissional, onde é sugerida, ou não, a prática da eutanásia.
“Esses predadores são introduzidos ao meio após treinamento. Eles são como atletas. Eles conseguem capturar e afugentar de forma que os capturados são eutanasiados por mim, que sou biólogo. Lembrando que todo esse trabalho é legalizado. Está dentro da legislação e a empresa é licenciada”, explica.
Falcoaria: conheça técnica com ave de rapina usada para o controle de pombos em escolas, em RO — Foto: Thiago Baldine / reprodução
A autorização para manejo da fauna sinantrópica nociva, é dada para situações onde espécies de animais interagem de forma negativa com a população humana e que causam transtornos significativos de ordem econômica ou ambiental, ou que represente riscos à saúde pública. (Conheça a Instrução Normativa do Ibama nº 141/2006).
O texto da normativa traz que o controle das populações de espécies sinantrópicas, pode ocorrer por meio da captura em seguida de soltura, com intervenções de marcação, esterilização ou administração farmacológica, sendo também a captura seguida de remoção ou ainda a captura seguida de eliminação e/ou eliminação direta de espécimes animais.
Por: Jheniffer Núbia/G1-RO
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