Pelo menos dois encontros constrangedores podem ocorrer durante a posse do do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, marcada para esta terça-feira (16), às 19h.
Além de um possível encontro cara a cara de Bolsonaro com Lula, oponentes na disputa para a presidência da República, há também um segundo encontro, o de Dilma com o seu “ex-vice” Temer, visto como traidor pelo PT ao articular o processo de impeachment que levou à cassação da antiga aliada.
O roteiro original dos organizadores da solenidade do TSE previa que Bolsonaro ficasse na bancada dos ministros, ao lado de Moraes, já que é chefe de poder. Lula, Dilma, Temer e Sarney ficariam numa primeira fileira do público do auditório, a poucos metros de distância.
Isso indica que Bolsonaro deve encarar Lula de frente durante todo o evento, que deve reunir pelo menos quatro ex-presidentes da República – Lula, Dilma, Temer e José Sarney – e ao menos quatro candidatos ao Palácio do Planalto – além de Bolsonaro (PL) e Lula (PT), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).
Esses ex-presidentes nunca estiveram juntos na mesma solenidade, que vai ocorrer no subsolo de um suntuoso edifício projetado por Oscar Niemeyer, em Brasília.
Durante o governo Dilma, a então presidente chamou os antecessores para acompanhar momentos históricos, como a criação da Comissão Nacional da Verdade e o funeral de Nelson Mandela na África do Sul – mas na época dos dois eventos, Bolsonaro era um mero deputado do baixo clero.
Aliados de Moraes no Supremo e no TSE, ouvidos reservadamente pela equipe da coluna, dizem que a cerimônia de grandes proporções servirá para mostrar o grande apoio político em torno da figura de Moraes e da própria corte eleitoral, alvo de ataques reiterados e infundados de Bolsonaro por conta das urnas eletrônicas.
A posse de Moraes fez o TSE adotar medidas de segurança e controle de acesso, como encurtar o expediente de trabalho desta terça-feira, que vai ser apenas de 8h às 13h, para esvaziar as dependências da Corte.
A medida vai possibilitar, por exemplo, que seguranças do Planalto e do TSE façam uma varredura nas instalações do tribunal horas antes da cerimônia.
Os convites às autoridades terão código QR, e a segurança vai ser reforçada – detalhes, no entanto, não foram divulgados, mas quem acompanha o assunto de perto garante que a segurança será “condizente com o número de autoridades presente”.
Já que o plenário do TSE não comporta todos os convidados, foram instalados telões no térreo do tribunal para quem ficar de fora. Ao todo, cerca de 2 mil pessoas foram convidadas para a cerimônia, que deverá reunir as mais altas autoridades dos três poderes da República, além de embaixadores e mais 20 governadores.
Quando Luís Roberto Barroso e Edson Fachin assumiram o comando do tribunal, no auge da pandemia, as cerimônias ocorreram em ambiente virtual, com o plenário esvaziado.
Por: Rafael Moraes Moura/ OGlobo
Esporteenoticia.com