A perspectiva de votação no Congresso Nacional de um projeto de lei que desregulamenta o setor elétrico e a cobrança da “taxa do fio” na geração solar fotovoltaica a partir do ano que vem estão promovendo uma correria das empresas para ampliar a capacidade ou entrar na geração de energia solar.
Na corrida pelo sol estão grandes distribuidoras de energia, empresas de comercialização no mercado livre e grandes consumidores, além de novos negócios, em busca de assegurar presença no mercado de geração solar fotovoltaica distribuída (usinas de até 5 MW), cuja capacidade instalada cresceu 70% em 12 meses e atingiu a marca histórica de 11,31 gigawatts (GW). Nas residências e pequenas empresas, a perspectiva de encarecimento da tarifa de energia elétrica e a inflação motivam a expansão de painéis instalados nos telhados.
As mudanças legais que estão movimentando o setor começaram no início deste ano, com a sanção da Lei 13.400, o marco legal da geração solar distribuída, que estabelece a cobrança da tarifa de uso do sistema de distribuição (Tusd) para os projetos instalados a partir de 2023, garantindo isenção até 2045 para os sistemas instalados até o fim deste ano.
Já o Projeto de Lei 414/2021, aprovado no Senado, deve ser votado na Câmara dos Deputados até o fim deste ano. A proposta prevê a portabilidade na conta de luz, ampliando o mercado livre para consumidores residenciais, e a modernização do marco regulatório do setor elétrico.
Apenas no primeiro semestre deste ano, a capacidade de geração dos sistemas distribuídos foi ampliada em 2,7 GW, saindo de 8,3 GW para a potência registrada agora (11,31 GW). Com a corrida dos investimentos, outros 6,2 GW serão instalados até o fim do ano quando, com investimentos totais de R$ 40,6 bilhões, elevando a capacidade de geração para 17,2 GW, o que vai representar um crescimento de 105% em relação ao patamar em dezembro de 2021, segundo números da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
E a corrida pelo sol é mais acelerada em Minas Gerais, que lidera a geração solar distribuída no país com potência instalada 1,84 GW e 16,2% de participação no mercado. E essa potência deve continuar crescendo, com o número de consumidores aumentando atraídos por descontos que variam de 15% a 20% na conta de luz. As duas maiores distribuidoras de energia no estado, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Energisa estão investindo pesado para diversificar a fonte de energia para os clientes. A Energisa criou a (re)energisa para atuar no mercado desregulado, incluindo a geração distribuída.
Com 26 fazendas solares em Minas e uma no Rio, a (re)energisa está investindo R$ 1,1 bilhão este ano na instalação de 50 usinas e elevando a potência instalada para 230 megawatts (MW), mais do que dobrando o número de usinas (21) ao final de 2021. Hoje, a empresa opera na geração distribuída com capacidade instalada de 85 megawatts e uma carteira com 2 mil clientes, entre pequenos e médios negócios atraídos por um desconto de até 20% na conta de luz.
Do mercado livre para a ‘distribuída’
O vice-presidente de Aquisições de Clientes e Transformação do Negócio da Esfera Energia, Guilherme Esperidião afirma que a meta da empresa é ter 200 mil clientes conectados às usinas solares de geração distribuída até 2025, com 8 mil clientes aderindo ao plano da empresa em Minas Gerais este ano. “A Esfera não constrói usinas, mas subcontrata a partir de uma seleção de projetos que fazem parte da nossa carteira e a partir dessa fonte é feito o rateio com os clientes. O consumidor é nosso cliente assim como os geradores”, explica Esperidião ao lembrar que é captada também a energia excedente gerada em telhados.
Para Esperidião, o fato de a partir de 2023 os novos sistemas solares terem que pagar uma taxa pelo uso da rede das distribuidoras não vai desestimular investimentos na geração distribuída. “São projetos de 10 anos, 15 anos e nesse tempo vai haver evolução em termos de eficiência e o custo de geração tende a cair e com isso o cenário fica bem equilibrado, oferecendo uma oportunidade inclusive de mais desenvolvimento.” afirma o executivo da Esfera Energia. Para estimular a adesão dos consumidores, a empresa ofereceu desconto de 20% em junho, primeiro mês de operação do plano de assinatura que pode ser contratado no site da Esfera.
Com a proposta de investir na geração própria de energia fotovoltaica distribuída, Trinity Energias Renováveis fez um aporte de R$ 28 milhões na instalação de duas fazendas solares em Minas Gerais, com capacidade de 3,2 MW cada, totalizando 6,4 MW de potência instalada. As usinas, instaladas em Bom Sucesso, no Sul do estado, estão em fase final de obras e terão capacidade de fornecer energia a 3 mil residências, até o final deste ano. Com contrato por adesão, a Trinity concede desconto de 15% na conta de luz dos seus clientes.
Energia limpa é atrativo
Por:
Marcílio de Moraes/Em.com.brEsporteenoticia.com