A naja que desapareceu de um dos laboratórios do Instituto Butantan nasceu dentro do centro de pesquisa e é descendente do primeiro grupo dessas serpentes que chegou ao local, na capital paulista. Apesar de ter um veneno poderoso, o espécime em questão representa menos perigo por ainda ser um filhote, segundo a assessoria do Butantan, em conversa com o UOL.
Todas as cobras do Instituto recebem um microchip de rastreio ao chegar à fase adulta, mas o filhote de naja, que desapareceu há três semanas, ainda não tinha chegado à idade ideal para receber a tecnologia, o que dificulta a confirmação de seu paradeiro.
A assessoria ainda reforçou que a probabilidade de que o filhote tenha conseguido ir até uma área com trânsito de pessoas é bastante remota, já que o local onde a cobra sumiu é distante de área de visitação pública, frequentado somente por profissionais e pesquisadores.
A principal teoria do Instituto é que a cobra tenha entrado por um ralo e que, caso conseguisse sair do encanamento viva, cairia em uma área de mata em que estaria vulnerável a outros bichos, apesar de não ter um predador natural no Brasil, especialmente por ser filhote.
Ela tem predadores em potencial (outros animais que caçam serpentes), mas estes vão dar preferência às serpentes que eles ‘já conhecem’.
Kayron Passos, biólogo
“Tende a ser um animal mais agressivo, mas era um filhote, temos que ter isso em mente. A principal teoria é que ela entrou no ralo usado para limpeza, em que a água escoa por ali. Em uma possibilidade remota de ela pode ter sido predada por outro animal, como o saruê (um tipo de gambá) e teiú (um gênero de répteis) [predadores em potencial, não naturais]”, disse a assessoria. Ainda não há uma teoria sobre como a naja conseguiu fugir do laboratório.
Ela estava armazenada em um recinto de plástico com furos, que funcionam para respiração. Apesar de ser pequena – “com menos de 40 cm” – a cobra não conseguiria fugir por esses espaços.
Ainda assim, o bicho encontrou uma brecha desconhecida para fugir. Sua falta foi percebida apenas durante a “chamada” de conferência dos animais. “Não existe uma vigia 24 horas, mas quem trabalha no laboratório, toda vez que começa o expediente, faz uma chamada pra ver os animais, foi em uma dessas (que perceberam).”
O Instituto está fazendo uma apuração interna para tentar esclarecer detalhes do sumiço e afirma que há um plano de contingência do local para situações do tipo. Ele é responsável por grande parte dos soros antiofídicos e vacinas produzidas no Brasil, inclusive contra o veneno da naja, e também realiza estudos clínicos, terapêuticos e epidemiológicos relacionados a acidentes causados por animais peçonhentos.
Por: Uol/São Paulo
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