A Polícia Civil de São Paulo avança nas investigações buscando identificar uma suposta quadrilha que alicia jogadores na tentativa de manipular e alterar o resultado das partidas, em um esquema que envolve apostas em dinheiro em sites esportivos especializados em jogos de azar.
Dois casos chamaram atenção dos policiais e também da Federação Paulista de Futebol (FPF), que organiza a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Em dois jogos, ambos válidos pela segunda rodada da primeira fase do torneio, um suposto apostador entrou em contato com dois jogadores, um do Zumbi, de Alagoas, e outro do Real Ariquemes, de Rondônia, com a mesma proposta: R$ 3 mil para que eles ajudassem em um determinado número de escanteios nos respectivos jogos.
O Zumbi de Alagoas enfrentou e venceu a Ferroviária, enquanto o Real Ariquemes perdeu para o Tanabi. Nos dois casos, as propostas do apostador foram denunciadas pelos jogadores, que registraram boletins de ocorrência e comunicaram também a Federação Paulista.
O caso mais recente foi o do goleiro Evan Guilherme, de 20 anos, que disputou pela segunda vez a Copinha. Procurado através de uma rede social pelo suposto apostador, o jogador recebeu a proposta de R$ 3 mil para ceder determinado número de escanteios.
Evan Guilherme, goleiro do Real Ariquemes — Foto: Divulgação/Real Ariquemes
– A minha reação foi de surpresa, né. Porque a gente sabe que no mundo do futebol está bastante em evidência esse negócio de apostas, então… mas eu nunca imaginei que aconteceria comigo. Fiquei bastante surpreso, um pouco em choque, mas a minha reação foi outra. Eu sei da minha índole, então a primeira coisa que passou em minha cabeça foi negar e acionar a comissão e o presidente do clube – conta Evan Guilherme, goleiro do Real Ariquemes.
Conversa entre apostador e jogador do Real Ariquemes — Foto: Reprodução
Conversa entre apostador e jogador do Real Ariquemes — Foto: Reprodução
Conversa entre apostador e jogador do Real Ariquemes — Foto: Reprodução
A Polícia Civil de São Paulo identificou o apostador que fez as propostas para os dois jogadores. Morador do interior de São Paulo, o correspondente bancário Diego Rodrigues, através dos advogados, disse que deve se apresentar para prestar esclarecimentos nos próximos dias.
Os sigilos bancário e telefônico devem ser quebrados em breve pela Justiça, ajudando a esclarecer se foram feitas outras tentativas de aliciamento ou pagamento a outros atletas envolvidos em jogos da atual edição da Copinha. As investigações estão sendo lideradas pelo delegado Cesar Saad.
Medidas para evitar jogos manipulados
A Federação Paulista de Futebol (FPF) contratou empresas especializadas em monitoramento de casas de apostas para identificar partidas com potencial de manipulação.
Paulo Schmitt preside o Comitê de Integridade da Federação Paulista de Futebol — Foto: Vicente Seda
– Uma coisa que as pessoas precisam entender é o seguinte: a fraude normalmente sempre está à frente do controle. A gente precisa investir mais, atuar mais para investigar os casos, e encaminhar para a responsabilização junto às autoridades policiais judiciárias, que é o que a gente vem fazendo – com Polícia Civil, com o Ministério Público e o Estado de São Paulo – e até temos contato com Interpol e outros organismos, e internamente como Supremo Tribunal de Justiça Desportiva, que é o STJD. Então, vai atuando rapidamente para tentar identificar e tentar minimizar esses riscos e número de casos que vem aumentando no mundo inteiro e no Brasil, particularmente – disse Schmitt.
Por: Emilio Botta e Felipe Brisolla/São Paulo, G1-RO
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