Todo cuidado é pouco com esses bichinhos que trabalham em silêncio e, na maioria das vezes, muito bem escondidos. Por trás das paredes, no jardim, em fundos de armários ou voando ao redor de lâmpadas no entardecer, os cupins são visitantes que podem causar preocupação em muitas casas. Como eles vivem esses insetos e o que fazer para mantê-los longe de sua casa?
Assim como as abelhas e as formigas, cupins são insetos muito organizados, que vivem em uma sociedade. “Muitas vezes, formada por milhares de indivíduos”, explica professora Ana Maria Costa Leonardo, do Departamento de Biologia Geral e Aplicada, do Instituto de Biociências, da UNESP.
Muitas vezes, por ignorância, esses insetos não são reconhecidos como cupins, podendo ser confundidos com formigas ou outros insetos alados. E, por causa disso, o “inimigo” acaba invadindo nossas casas, podendo criar situações bem complicadas no futuro, além de um prejuízo, muitas vezes, muito maior que o valor de uma descupinização.
Confira abaixo algumas perguntas importantes sobre esses insetos e como proteger sua casa deles.
O que são os cupins e como vivem?
Os cupins são insetos sociais que vivem em colônias organizadas por castas: operários, soldados e reprodutores, sendo as duas primeiras estéreis. Cada casta desempenha funções específicas:
- Operários: responsáveis por construir e manter o ninho;
- Soldados: protegem a colônia contra predadores e;
- Reprodutores: representados pelo rei, pela rainha e pelos alados – conhecidos como “siriris” ou “aleluias” – que surgem durante a revoada para formar novas colônias.
Quais os tipos de cupins podem ser encontrados em nossas casas?
Os cupins “pragas”, esses que a gente encontra em casa, podem variar de acordo com o tipo de nidificação, ou seja, onde eles põem seu ovos. Sendo assim, eles se dividem em cupins de madeira seca, subterrâneos e arborícolas. O primeiro é encontrado em madeira, o segundo vive debaixo da terra e o terceiro faz seus ninhos em árvores.
Como os cupins entram nas casas das pessoas?
Uma das principais formas é quando os animais entram voando, caso dos reprodutores alados. É bem comum com a chegada das chuvas e pode ser o início de uma dor de cabeça.
“O cupins subterrâneos ou ‘cupins de solo’ também entram procurando comida (material celulósico) seguindo a fiação ou seguindo a tubulação. Já árvores urbanas podem funcionar como reservatórios desses cupins. A espécie invasora (exótica) Coptotermes gestroi é a principal praga urbana da região Sudeste”, diz a professora doutora.
Como proteger sua casa contra os cupins?
Inicialmente, é importante saber que, apesar dos danos ao patrimônio que esses insetos podem causar, eles são inofensivos à saúde dos seres humanos. “Você não precisa se proteger dos cupins, pois eles não afetam as pessoas”, comenta a pesquisadora, que também alerta para o fato de que “a correta identificação do cupim praga é primordial para um bom controle”.
A boa notícia é que, embora os cupins possam ser uma ameaça aos móveis e estruturas de madeira, existem medidas preventivas eficazes para evitar gastos com a substituição desses itens. O momento mais comum para as revoadas é o finalzinho da tarde e início da noite. “Como eles são animais atraídos pela luz, com fototropismo positivo, o que ajuda é apagar as luzes ao observar a chegada deles”, comenta Juliana Cavalcanti, diretora executiva da Controlar, empresa carioca especializada no controle de pragas urbanas. “Eles se dispersam naturalmente, então deixar [as lâmpadas] apagadas por um tempo é um modo seguro, outro é o uso de telas para evitar que eles entrem em casa”, continua a profissional.
E se, em vez das revoadas, você estiver vendo as bolinhas de madeira pelo chão, sua casa já tem uma colônia. Juliana explica que essas bolinhas são as fezes desses animais, que só se alimentam de celulose. “Aquilo já indica uma infestação há um tempo no imóvel”, diz. Ela ainda alerta que, em alguns casos, os cupins podem atacar silenciosamente e o proprietário só se dá conta da presença deles quando percebem uma porta ou rodapé oco. “Nesses casos, o único jeito é a contratação de uma empresa profissional”, pontua.
- Use madeira tratada: especialmente em móveis e estruturas internas;
- Evite enterrar sobras de madeira ou papelão: restos de obras podem atrair cupins subterrâneos;
- Aplique barreiras químicas: embora não sejam permanentes, inseticidas específicos podem dificultar o acesso dos cupins ao imóvel;
- Feche as janelas durante a revoada: isso evita que os cupins alados entrem em busca de um novo lar. Os cupins alados são reprodutores machos e fêmeas, que se encontram nas luzes, formam casais e iniciam um novo ninho ou colônia.
“O método mais usual no controle de cupins em áreas urbanas é o curativo, com o uso de inseticidas químicos. Contudo, para controle de cupins subterrâneos existem iscas com ingredientes análogos ao hormônio juvenil que matam os cupins de maneira lenta, quando vão crescer”, comenta a pesquisadora.
Uma vez livre dos insetos, é necessário permanecer atento para evitar que eles voltem, principalmente, evitando as revoadas. “Um monitoramento contínuo é muito importante em infestações após tratamento de controle”, aponta Ana Maria. Sim, é possível eliminar cupins pragas em áreas urbanas, mas também podem ocorrer casos de reinfestações.
Por: Daniel Silveira/Estadão
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